ACIDENTE COM 320 É O PIOR NO MUNDO EM CINCO ANOS
Com pelo menos 186 mortos, o incidente que encerrou tragicamente o vôo 3054 desta terça-feira só não causou mais fatalidades que a queda de um avião perto da costa de Taiwan, em maio de 2002. O avião que caiu no mar depois de decolar de Taipei para Hong Kong levava 206 passageiros e 19 tripulantes, e não houve notícia de sobreviventes, diz o Airsafe.
O site é fundado pelo especialista americano Todd Curtis, conhecedor do setor aéreo e também do aeroporto de Congonhas.
Mas a gravidade do acidente com o A320 da TAM poderia pelo menos se aproximar disto, já que as autoridades brasileiras ainda não confirmaram oficialmente o número de mortos em solo.
A aeronave que viajava de Porto Alegre a São Paulo se chocou contra um terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Congonhas e pegou fogo.
O Lula da Silva decretou três dias de luto oficial.
As informações recolhidas pelo Airsafe.com, um site baseado em Atlanta (EUA) e que tem como finalidade prover informações sobre segurança aérea a passageiros, imprensa e profissionais do setor, mostram que o Brasil registra um histórico sombrio de acidentes aéreos nos últimos dez meses.
O acidente desta terça-feira e o que matou 154 pessoas quando um avião da Gol se chocou contra um jato Legacy na Amazônia, em setembro do ano passado, estão entre os incidentes aéreos com maior número de mortos dos últimos tempos.
Em agosto de 2006, um avião com 170 pessoas a bordo caiu próximo à cidade de Donetsk, na Ucrânia. Em agosto de 2005, 160 pessoas morreram quando um MD82 da West Caribbean Airways que decolou da Cidade do Panamá caiu perto de Machiques, na Venezuela.
E ainda pairam dúvidas sobre um acidente envolvendo um Ilyushin 76 do governo ucraniano que transportava militares entre as cidades de Kinshasa e Lubumbashi, no Congo.
O espaço de carga da aeronave abriu e gerou uma despressurização que sugou diversas pessoas para fora. As estimativas variam entre 10 e 170 mortos, mas, como aquele não era um vôo regular, não entra na contagem da Airsafe.com.
Todd Curtis, que faz o acompanhamento dos dados, considera como evento fatal "qualquer circunstância em que um ou mais passageiros morrem em uma aeronave por causas diretamente relacionadas à operação da aeronave".
Embora sabotagem, atentados e seqüestros sejam incluídos na contagem, um incidente não entra na contagem se apenas o sabotador, seqüestrador ou agente do incidente morrer no ato. BBC Brasil
BRASIL PRODUZ UMA CAUSA MORTIS:
INCOMPETÊNCIA – Por Josias de Sousa – FSP
A maior causa de mortalidade no setor aéreo brasileiro é um mal implacável chamado incompetência. A julgar pelo desnorteio do governo, trata-se de moléstia endêmica incurável.
Em menos de dez meses, já levou à cova pelo menos 342 cadáveres –154 do Boeing da Gol e 188 do Airbus da TAM, 12 em solo. A menos que um milagre conduza à vacina, ninguém pode assegurar que o monturo de corpos não aumente.
Noves fora a mortandade, o caos aéreo já produziu sindicâncias, auditorias, inquéritos, processos, duas CPIs, uma infinidade de discursos e um par de tragédias – a segunda mais funesta do que a primeira. Só não deu à luz uma solução. E o país vai se habituando a um fenômeno hediondo: a lamentação depois do fato.
Tome-se, porque é mais recente, o exemplo do descalabro de Congonhas. A pista onde se realizam os pousos e as decolagens mede exíguos 1.900 metros. Desde a década de 80, pilotos e especialistas se queixam das deficiências desse naco de concreto. O que fez o governo? Na última década, torrou algo como R$ 530 milhões no embelezamento interno do terminal de passageiros. Por quê?
Ora, para atender aos interesses de empreiteiras ávidas por obras, de gestores vorazes por comissões e de presidentes sequiosos por inaugurações. Privilegiaram-se o mármore e as lojinhas em detrimento da segurança.
Premido pelas circunstâncias, o governo reformou, a toque de caixa, a pista. Liberou-a para o uso, no final de junho, sem as ranhuras que permitem a drenagem das águas enviadas por São Pedro.
Tudo considerado, a aviação brasileira vai ganhando as feições de uma usina de potenciais constrangimentos e de cadáveres. No acidente da Gol, os corpos foram mergulhados na selva de Mato Grosso. No desastre da TAM, foram carbonizados no interior de uma aeronave convertida em algo semelhante a uma lata de sardinha em chamas.
Até quando?
Não se pode responsabilizar a pessoa do Presidente Lula por nada, do que está acontecendo. Afinal ele e sua equipe, por exemplo, passaram todo o último fim de semana analisando com profundidade as causas da desaprovação da classe média orquestrada que dirigiu indignos, inapropriados e injustos apupos de desaprovação ao ex-líder sindical.
GOVERNO NÃO TEM VERGONHA NA CARA
O ministro da Justiça, Tarso Genro, por determinação do Lula da Silva, solicitou nesta quarta-feira (18) ao diretor da Polícia Federal (PF), Paulo Lacerda, que instaure imediatamente inquérito policial para apurar se a pista reformada do Aeroporto de Congonhas foi entregue para uso das aeronaves dentro das normas técnicas e legais de segurança.
Enquanto isto, o Ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, afirmou na manhã desta quarta-feira, em cerimônia no Itamaraty, que o acidente com um avião da TAM, ontem em Congonhas, não é "questão de segurança”.
Só está faltando a ministra Marta Suplicy aparecer para pedir que os parentes das vítimas “relaxem e gozem”
ELES AINDA NÃO SABEM QUE É O CULPADO
Em fevereiro deste ano, uma liminar concedida pela desembargadora Cecília Marcondes, do Tribunal Regional Federal da Terceira Região, ameaçou cancelar pousos e decolagens em Congonhas durante os períodos de chuva por não oferecer garantias de frenagem. Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Infraero conseguiram derrubar a decisão judicial. "
ACOMPANHE OS MOVIMENTOS DA AERONAVE
O avião derrapou quando pousava no aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), cruzou a avenida e bateu contra um depósito da TAM Express --empresa de transporte de cargas-- que fica do lado oposto, na avenida Washington Luís (veja como foi).
MAIS 200 VÍTIMAS DO DESCASO
186 estavam a bordo do avião da TAM
Veja reportagem completa sobre o maior desastre da história da aviação na América do Sul. Material do JT
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AS VÍTIMAS
Confira a lista de passageiros, tripulantes e funcionários vítimas do acidente do vôo JJ 3054
UMA DÚVIDA PARA A INFRAERO ESCLARECER:
A obra da pista já foi integralmente paga?
Relato enviado ao blog por um funcionário público, consultor em licitações públicas e finanças públicas. A fonte não quer ter seu nome revelado. Pode ser prejudicada profissionalmente –“tenho relacionamento com empreiteiras em cursos que realizo”.
Basicamente, o ponto a ser esclarecido imediatamente pelo governo é o seguinte: a Infraero tinha obrigação de receber a obra da pista de Congonhas verificando se todos os elementos do contrato estavam devidamente cumpridos. No caso, como se sabe, decidiu-se que a instalação das ranhuras (ou, como se diz em inglês, o “grooving”) ficaria para uma segunda etapa. Quem tomou essa decisão? Com base em qual estudo técnico? A obra de R$ 20 milhões já foi paga? Quanto ficou para ser pago depois da instalação das ranhuras?
CULPA DA INFRAERO
Eis, a seguir, o relato do técnico: - Material do Blog do Fernando Rodrigues
ESPECIALISTA CULPA INFRAERO POR “ASSASSINATO COLETIVO”
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Imagens do acidente ao vivo pela Globonews aqui
QUANTOS MAIS AINDA MORRERÃO? – Editorial JB
Inacreditável. Revoltante. Terrível. A sociedade brasileira ainda trata as feridas pessoais e emocionais decorrentes da queda do Boeing 737 da Gol em Mato Grosso e já se vê às voltas com a obrigação de superar mais um trauma de gigantescas proporções. O acidente com o Airbus da TAM em Congonhas, mais grave em vítimas que o do ano passado, era a mais anunciada das tragédias, o resultado da sinistra mistura de incompetência e irresponsabilidade das autoridades que cuidam (?) da aviação comercial brasileira, a começar pelo presidente da República. A biografia política de Lula inclui agora mais de 170 novos obituários. A soma com os 154 do ano passado é a marca do desgoverno.
Quantas vidas mais serão ceifadas até que sejam demitidos e responsabilizados, civil e criminalmente, todos aqueles que falham desastrosamente há dez meses e expõem milhares de passageiros a risco de morte? O presidente Lula é culpado por omissão, por ter preservado um amigo no ministério sem considerar que a gestão de Waldir Pires à frente da crise aérea é um atentado à segurança institucional. Lula também é culpado por ter aceitado que a inoperância da Infraero contaminasse o conceito de segurança.
Nas primeiras chuvas fortes, ocorrem dois acidentes causados por derrapagens em uma pista na qual foram gastos quase R$ 20 milhões em obras de recapeamento recentes e dadas como prontas, agora podemos ter certeza, sem o devido cuidado. De quem foi essa decisão assassina?
A segunda tragédia aérea em dez meses no Brasil destroça, definitivamente, o conceito de excelência de que o país dispunha no organismo de certificação aérea internacional mantido pelas Nações Unidas. O desastre com o jato da Gol e principalmente o caos estrutural que se seguiu acenderam a luz amarela nesse campo. Um a um, os elementos de um sistema vendido como seguro foram sendo desnudados diante de toda sorte de erros gerenciais e falhas de comando.
O fracasso desse modelo já era evidente desde que os desdobramentos do caso do jato da Gol tornaram a vida de quem depende de aviação um martírio. Há muito que se cobrava uma atitude mais decente das autoridades diante do receio de que um novo desastre pudesse ocorrer.
Congonhas é um aeroporto condenado. Chegou a um extremo no qual nem mesmo com todos os equipamentos mais modernos é possível se garantir a integridade física de quem voa por necessidade ou profissão. Mas Waldir Pires, do alto do seu currículo como gestor do sistema em colapso, discorda. Talvez, junto com a inepta Anac ache que estas 300 almas não são suficientes para perturbar sua consciência. Essa posição é inaceitável, ainda mais porque em aviação os acidentes sempre depõem contra a capacidade de administração do sistema.
Há poucas semanas, a União Européia baniu de todo o espaço aéreo do bloco as aeronaves de todas as empresas da Indonésia. Companhias africanas, especialmente nigerianas, são a maioria na lista negra dos organismos internacionais que certificam o tráfego entre continentes. O que estarão pensando os gestores dessa lista diante das cenas flamejantes do Airbus ardendo na cabeceira de Congonhas? Vale lembrar que, em mais de uma ocasião de apagão aéreo, algumas companhias americanas chegaram a esboçar a possibilidade de pedir que o espaço aéreo brasileiro fosse declarado inseguro diante das dificuldades.
É preciso parar Congonhas. Ninguém mais precisa ser exposto a riscos pelo governo, pela Infraero e pela Anac. É preciso também exigir que a avaliação sobre a garantia de pousos e decolagens seguros não esteja a cargo dos personagens de sempre.
Por Gaúcho/Gabriela (MOVCC)
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