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quinta-feira, abril 12, 2007

A NAÇÃO ESTÁ EXAUSTA DE BRAVATAS

O Brasil está se parecendo com a “aldeia de Macondo”, do romance “Cem Anos de Solidão de Garcia Márquez”. Com a diferença de que aqui, o desfile de arbitrariedades, poder e tragédias - ao contrário do conto surrealista que conduz a todos à inexorável solidão - é envolto por uma por cortina de malogros e dissimulações que nos tira a noção e a medida exata do fundo deste poço.

Enquanto os habitantes de Macondo foram contaminados por uma epidemia que os fazia perder a vontade de dormir, o brasileiro parece que ter sido contaminado pela forma oposta do vírus, que o faz perder a vontade de “acordar”.

Mas o efeito colateral produzido nos habitantes - tanto de Macondo quanto do Brasil - parece ter sido o mesmo: a memória de todos começa a desaparecer e, com ela, os SIGNIFICADOS das COISAS que os rodeiam. E assim, a crise vai se agravando à medida que vamos perdendo também a noção exata da função das coisas e do seu propósito.

Por isto, aqui na nossa “aldeia”, nunca tivemos crise aérea, nunca existiram quadrilhas, mensaleiros e montanhas de dinheiro para comprar dossiês. A violência é apenas um reflexo de memórias passadas de seus habitantes. Aqui, não existe violação de regras, corrupção e muito menos pobreza. Também não existem posições a favor, nem contra. Muito pelo contrário.

Pensando melhor: Nosso Brasil é muito mais ousado que a Macondo de Gárcia Márquez. Aqui, não existe ficção. E o rei, muito embora também não exista, ele é uma “unanimidade”. Pelo menos é o que dizem as pesquisas de opinião.

Saiu agora uma pesquisa da CNI/Ibope. Esta sim, deve ser “pura ficção”. Por Gaúcho/Gabriela (MOVCC)

CNI/Ibope: avaliação do governo Lula DESPENCA 8 PONTOS

A pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira mostra que a aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu em 8 pontos percentuais desde dezembro de 2006. Entre os entrevistados, 49% consideram o governo ótimo ou bom, enquanto na última pesquisa, no fim do primeiro mandato, 57% fizeram essa avaliação.

Pelas camadas sociais, a avaliação do governo recuou em quase todos os segmentos. Os recuos mais expressivos foram registrados na faixa de escolaridade de 5ª a 8ª série e entre os que ganham de um a dois e de dois a cinco salários mínimos.

Confiança

O saldo de confiança no presidente Lula também recuou em relação a dezembro. Do total de entrevistados, 62% disseram confiar em Lula, enquanto 34% não confiam; não souberam responder, 5%. Na última pesquisa, 68% disseram confiar; 28%, não-confiar e 4% não souberam responder. Por Maria Clara Cabral - Terra.

UMA CRISE BEM DISTANTE DO FIM
O Planalto comemorou os 63,7% de aprovação do presidente Lula, segundo a mais recente pesquisa CNT/Sensus. Festejou também os 49,5% de avaliação positiva do governo. Num e noutro casos, os índices são enganosos. O suposto sucesso se fundamenta, essencialmente, nas opiniões favoráveis emitidas por brasileiros pertencentes a classes socioeconômicas com pouco acesso aos meios de comunicação, desprovidas de informações suficientes para compreender o que se passa ao redor.

De acordo com o mesmo levantamento, 80% dos leitores de jornais e revistas desaprovam o desempenho de Lula e do governo. Quase 26% culpam a atual administração pela crise aérea, índice notavelmente superior aos dos que responsabilizam os controladores de vôo, as empresas ou a Aeronáutica.

O colapso da aviação civil, escancarado há mais de seis meses, resulta da conjugação de fatores que não foram sequer diagnosticados, muito menos removidos. Nada se fez de relevante para impedir que, a qualquer momento, o apagão escureça o país inteiro. Mas bastam algumas horas de normalidade aparente, como ocorreu nesta semana, para que a crise seja tratada por autoridades ineptas como má lembrança de tempos remotos.

A desconversa, a incompetência, a insensatez e o cinismo ultrapassaram todos os limites toleráveis. O ministro da Defesa, Waldir Pires, repetiu no Congresso que o problema será resolvido com a desmilitarização do setor. Ponto. Para trocar fardas por trajes civis para que os controladores controlem, os equipamentos funcionem, os viajantes viajem.

Na mesma audiência no Legislativo, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, declamou que o colapso não existe. Atrasos nos pousos e decolagens, vôos cancelados, áreas de embarque congestionadas, a seqüência interminável de dramas protagonizados por vítimas do descalabro - cada caso é um caso, acha Zuanazzi. Há explicações para todos. A discurseira recorrente é um insulto ao Brasil que pensa e, sobretudo, um penoso aviso aos passageiros: tão cedo não será restabelecido, nos céus do país, o direito de ir e vir.

Seis meses depois de deflagrada a crise, o que pretende fazer o governo para ressuscitar a aviação civil? Ninguém sabe. Quanto se investiu na modernização do controle do tráfego aéreo? Quase nada.

Nesse território estratégico, o Planalto lembra um avião sem tripulação, sem piloto e sem plano de vôo. Como será feito, se for esse o caminho fixado pelo governo federal, o processo de desmilitarização do setor? Em quais e quantas etapas será dividido? Alguém está cuidando da indispensável regulamentação das leis que devem reger o direito de greve em serviços essenciais? Em que pé se encontra o texto, se existe algum? Quando chegará ao Congresso?

A nação está exausta de bravatas. O presidente da República pode dispensar-se de cobrar dia e hora para o fim do apagão: o país se daria por satisfeito se soubesse que já existe uma rota seguir e, principalmente, se algo já está sendo feito. Os brasileiros também se sentiriam menos ressabiados se lhes contassem quanto será desembolsado para solucionar a crise e, claro, de onde virá o dinheiro.

Segundo a Infraero, serão necessários investimentos calculados em R$ 3 bilhões, de hoje a 2011, só para a remontagem do sistema de segurança de vôos em 67 aeroportos. E as verbas para as urgências restantes? Como cumprir a promessa federal de melhorar os salários e as condições de trabalho dos controladores? Enfim, há um universo inquietante a redesenhar. O Brasil espera que o governo substitua imediatamente o palavrório pela ação. E comece a trabalhar.- Editorial JB

TERRA SEM LEI
"Sem teto" em frente ao prédio de Lula: é o marketing
Em meio à desordem, agitação e estímulo à luta de classes.

Se mais de 60 por cento dos brasileiros apóiam o governo de Lula e seus sequazes não tem cabimento a onda de protestos e invasões da propriedade privada que vem sendo articulada pelos denominados “movimentos sociais”. Afinal, não estão apoiando o governo? Não está bom? Ou estão apoiando justamente por essa incrível liberalidade que garante a instalação da desordem e da violência impune?

Trata-se, evidentemente, da execução do plano petista de criar uma situação de caos. Um bando de agitadores financiados pelo governo açula as massas estimulando-as a invadir propriedades urbanas.

No site G1, a Globo acaba de dar desmedido destaque com foto de tela inteira muito bem preparada e posada, um grupo de “sem teto” acampou na frente do prédio de Lula em São Bernardo.

Há injustiça social? Há sim. Aqui no Brasil e em qualquer lugar do mundo. Ocorre que esse problema jamais será equacionado com ações que levam à desordem, à violência e à intimidação.

A diminuição das desigualdades sociais só acontecerá no dia em que o Brasil crescer economicamente. Não existe nenhuma fórmula milagrosa capaz de mitigar as injustiças sociais que não seja através do desenvolvimento. E isto o Brasil não está vendo acontecer, enquanto todas as nações emergentes registram taxas de avanço apreciáveis exibindo recordes históricos de crescimento em função da tranqüilidade da economia internacional.

Menos o Brasil. Vamos para o quinto ano do governo petista e nada acontece. Até agora não houve uma obra de infra-estrutura digna de nota.O crescimento da economia é pífio. A única coisa que cresce no Brasil são os bancos, de um lado e, de outro, episódios de corrupção, desordem, apagões aéreos, sanguessugas, dossiê fajuto, mensalão, dólar na cueca e violência numa proporção alarmante.

Com esse ambiente jamais será possível diminuir as desigualdades. E não será turbinando a desordem e insuflando as pessoas pobres contra o direito de propriedade consagrado na Constituição; espalhando a confusão, o terror e a insegurança que se vai encontrar o caminho adequado para a solução dos graves problemas que afetam a Nação.

O governo tem o dever constitucional de restabelecer a ordem e o respeito à lei e à segurança jurídica. Trata-se de uma insanidade insuflar a luta de classes e culpar a classe média pelo descalabro da gestão do Estado.

Se Lula e seus sequazes desejam resolver o problema fundiário e prover os “sem teto” que vão bater na porta dos banqueiros e dos mega empresários que os apoiaram nas últimas eleições. Ou pensam que as pessoas conscientes, honestas e trabalhadoras que compõe a combalida classe média não sabem das reuniões que a verdadeira elite manteve com Lula no período eleitoral?

Lula e seu governo, mais as elites compostas pelos grandes empresários e banqueiros, são irresponsáveis. Sobretudo quando estimulam ou toleram a guerrilha urbana e rural; ou ainda permitem o motim de controladores de vôo e atribuem à classe média a responsabilidade por esse turbilhão de insanidades!

Pensem bem sobre tudo o que está acontecendo dia após dia, sem que haja uma autoridade sequer, um deputado ou um senador que se levante em defesa do país, vilipendiado de forma vil e debochada.

As verdadeiras elites, os endinheirados, estão em suas casamatas, com seus exércitos particulares, com seus aviões e pouco estão se lixando para a população submetida diariamente ao terror do banditismo e, agora, à intranqüilidade promovida pelos tais movimentos sociais, os aparelhos de agitação do PT e, por extensão, do próprio governo. - Escrito por Aluizio Amorim

A ORIGINALIDADE BRASILEIRA
O Brasil é o país mais original do mundo. É o único que não tem governo nem oposição.

Obra de S. Exa. o presidente Lula. Lula não governa porque ainda não desceu do palanque. Lula conversa, desconversa, deixa como está para ver como fica, adia tudo para depois de amanhã, não por tática, como acreditam os papalvos, mas porque tem horror de tomar decisões importantes. É o campeão do despistamento. Nunca se dá por achado. Faz discursos, bravateia, solta piadas nefandas, promete o mundo e o fundo, mas não governa. Quebra a hierarquia da Aeronáutica, melindra os comandos militares. Por Gilberto de Mello Kujawski - escritor e jornalista é membro do Instituto Brasileiro de Filosofia.

Faltam a Lula o perfil institucional, a compostura e a liturgia do cargo. Seu perfil é, antes, compadresco. Se não quer ser o Grande Irmão, quer ser o Grande Compadre de todos os brasileiros. Lula representa, com fidelidade alarmante, a figura daquele “homem cordial” descrito por Sérgio Buarque de Holanda em seu livro famoso. O “homem cordial” não é o homem polido, lhano no trato, hospitaleiro, como julgam as pessoas que não têm tempo de ler livros. Sérgio explica bem: “A inimizade bem pode ser tão cordial como a amizade, nisto que uma e outra nascem do coração, procedem, assim, da esfera do íntimo, do familiar, do privado” (Raízes do Brasil).

O homem cordial não é nenhum expoente de civilidade, ele é, sim, o homem imerso na esfera do íntimo e do familiar, transportando para a vida pública os usos e os valores da vida privada, sem amadurecer como cidadão responsável e zeloso das leis e da ordem pública.

A palavra “cordial” tem de ser tomada em sentido rigoroso e estritamente etimológico de cor, cordis, de pessoa só conduzida pelos humores do momento para o bem e para o mal. O homem cordial tem seus rancores, seus acessos de cólera e irritação, seus dias de lua e de fígado virado. Em suma, é o homem temperamental. Vinga-se de quem o prejudica, e coloca o amigo, o companheiro de partido, o eleitor acima da pátria e do Estado.

Lula, o Grande Compadre, faz festa para a múmia de Fernando Collor e abraça um Paulo Maluf embalsamado, mas Lula não governa e tem raiva de quem governa (ou governava). Diga o leitor se um país assolado há meses pelo apagão aéreo, pela crise devastadora da segurança, pelo mau desempenho da educação e da saúde, pelo PIB vergonhoso (agora maquiado para inglês ver), pela inércia exasperante da máquina administrativa, pela desmoralização da classe política, pela escalada sufocante de impostos, diga se um país assim tem governo.

Onde não há governo, não há oposição. A oposição, que já ia mal, anulou-se com o haraquiri do PSDB apoiando, secretamente, a candidatura de Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara. E que dizer dessa ridícula troca de nome do PFL para um insosso “Democratas”? Capitulação vergonhosa! Democratas todos querem ser, mas a virilidade de sustentar um partido alimentado pelos ideais de um liberalismo autêntico, impondo limites ao governo, defendendo a iniciativa privada, a privatização quando necessária e a liberdade individual, a isso ninguém se atreve. O partido terá agora a cara de Rodrigo Maia? Confesso que prefiro o semblante mais digno, experiente e austero de Marco Maciel.

Foi o Grande Compadre que começou a desmoralização calculada da oposição, anulando-a politicamente com o desprestígio do Legislativo, submerso numa enxurrada de medidas provisórias visando a castrar a iniciativa dos parlamentares. Lula reduziu o Legislativo a figura decorativa e a oposição, a trapo. A política é feita pela tensão sadia entre Executivo e Legislativo. Quando estão polarizados, passa a corrente da vida política e tudo vai em frente. Quando a tensão esmorece porque governo e oposição são fracos, a vida política se deteriora. O presidente, inflando o Executivo como fez, anulou a oposição. Esta perdeu o moral (a combatividade) e também a moral. Recolheu-se aos seus interesses corporativos e se deixou infiltrar pela corrupção organizada, gerando o mensalão e outros bichos peçonhentos.

O pouco de oposição que ainda resta no País mudou dos partidos para a imprensa. A oposição refugiou-se na imprensa livre. O PT sabe disso e já prepara sua ofensiva contra a liberdade de imprensa, apoiado, agora, pelo profissionalismo de Franklin Martins, recentemente contratado. (Pegou mal. Uma pessoa que sabe das coisas me garantiu que não foi um caso de “cooptação”, mas de longa e antiga cooperação. Ficará na memória a entrevista de Franklin com seu ex-colega da Bandeirantes Ricardo Boechat, chamando, cerimoniosamente, o entrevistado de “ministro”, sem que este perdesse a impassibilidade.) Por suspeitar na imprensa a última chama da oposição é que Lula até hoje não cumpriu a promessa da entrevista coletiva com que acenou no dia em que foi reeleito.

A maior ironia é que com toda a inchação do Executivo, nem assim o presidente consegue governar. Lula não pega nem no tranco. Então, sem governo, sem oposição, como é que o País continua de pé? Conta a lenda, não sei se indiana ou africana, que os elefantes, depois de mortos, continuam de pé por dias ou semanas. A carcaça dos paquidermes resiste por muito tempo à decomposição interna, sem se abalar.

Não sou tão pessimista assim. O Brasil não está morto e continua de pé porque já provou mais de uma vez ser maior do que o buraco (leia-se “governos”). No Brasil, escreve-se certo por linhas tortas. O método é confuso, mas o conjunto da obra nos redime. Talvez seja esta a verdadeira originalidade brasileira. Por Gilberto de Mello Kujawski.

Por Gaúcho/Gabriela (MOVCC)