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segunda-feira, janeiro 01, 2007

QUE VENHA 2008!

Tudo bem que 2006 foi o ano do “nada ficou provado”, como bem sintetizou o jornalista Fernando Rodrigues. Mas o brasileiro não deveria ter reclamado antes de ver o que o aguardava no ano seguinte. Agora que 2007 está terminando, ficamos sabendo que o tumultuado 2006 era só um vestibular.

A escolha de Maurício Marinho, aquele guloso dos Correios, para ministro das Comunicações até que fez sentido. Um sujeito que já foi filmado embolsando propina provavelmente evitará repetir o delito – portanto, foi uma nomeação eticamente segura. O que não dava para imaginar é que ele seria tão desinibido no cargo.

Estava na cara que aquela história de achar caixa dois normal não ia acabar bem. Mas criar essa CPMC foi um pouco demais. A Contribuição Provisória sobre Movimentação de Correspondência, que taxa em 10% cada carta em benefício do FPRN (Fundo Partidário de Recursos Não-Contabilizados), foi muita ousadia de Maurício Marinho.

Mas o argumento do presidente Lula na sanção da nova lei faz sentido: se é sistemático e todo mundo faz, por que não institucionalizar? Realmente, tirar o caixa dois da ilegalidade tem tudo para aplacar a culpa nacional. A partir de 2008, imoral é só do caixa três em diante.

Foi bom que em 2007 a conjuntura econômica mundial tenha se mantido favorável. Chato foi aquele espirro da bolsa da Tailândia que acabou derretendo o ministro Mantega. Todos sabiam que um dia isso ia acontecer. Mas não de forma tão chocante. Diante do susto, a língua presa do ministro enguiçou num medonho e interminável erre, parecendo uma furadeira com defeito. Foi muito aflitivo.

Mais aflitivo ainda foi o ato de nomeação do novo titular da Fazenda. Nem todos se sentiram à vontade com a escolha de Delúbio Soares. Mas como a popularidade de Lula deu novo salto no dia seguinte, o presidente apenas acionou seu estilo cada vez mais econômico de explicar as coisas da vida: “Para cuidar do Tesouro, nada melhor que um tesoureiro”. Genial.

Delúbio foi bem mais ousado que Maurício Marinho. Tranqüilizou o mercado anunciando que manteria o superávit primário, mas ressalvou que o dinheiro passaria a ser guardado em outro lugar. “Com essa permanente conspiração da direita contra o governo popular, o mais seguro é guardar esses R$ 60 bilhões no cofre do PT”, explicou Delúbio.

Para afastar qualquer desconfiança, o novo ministro soltou nota oficial informando que o encarregado de tomar conta do dinheiro seria o companheiro Silvinho Pereira. A bolsa subiu e o dólar despencou imediatamente.

Bargas, Lorenzeti e Valdebran foram presos novamente, dessa vez tentando comprar na rua da Alfândega cópias piratas dos games fabricados por Lulinha. Márcio Thomaz Bastos foi imediatamente acionado, o mal-entendido foi logo desfeito e os aloprados saíram da cadeia diretamente para um churrasco na Granja do Torto. Por via das dúvidas, para evitar novos constrangimentos, Lulinha decidiu mudar o nome de sua empresa – de Game Corp para Hábeas Corp.

Mas nem tudo acabou em tapinha nas costas em 2007. A reforma política instituindo o parlamentarismo e anistiando José Dirceu, imediatamente nomeado primeiro-ministro, parecia ter sido o último ato para reabilitar os injustiçados de 2006. De fato, a medida inaugural de Dirceu, nomeando Tarso Genro editor geral de todos os veículos da imprensa burguesa, trouxe a paz institucional que faltava ao Brasil. “Não se publica nada sem o copidesque da companheira de armas Dilma Roussef!”, decretou Genro, finalmente eliminando, no nascedouro, a conspiração da direita contra o povo.

O problema é que todos se esqueceram de um personagem que não queria ser esquecido.
Marcos Valério estava rico, livre, e parecia não ter mais motivos para incomodar ninguém. Ledo engano. O carequinha nunca engolira aquela história de virar máscara de carnaval e cair no anedotário nacional. O homem tinha sua ambição, mas tinha também sua vaidade. Foi conversar com o primeiro-ministro Dirceu. Não queria cargos, embaixadas, contratos fictícios e milionários, nada. Tinha uma única exigência singela: uma campanha publicitária de 100 milhões de dólares, bancada pela Petrobras, com o slogan “O Valério é nosso”.

Dirceu evidentemente não topou. Disse ao lobista que o slogan poderia passar a idéia de que Valério era do Estado, quando todos sabiam que o Estado é que era de Valério. O carequinha chamou o primeiro-ministro de ingrato e avisou que aquilo não ia ficar barato.

Agora, quando se completam três meses do seqüestro de Lula, o país compreende o quanto custou brincar com a vaidade de Valério.

O último vídeo divulgado do cativeiro, com o presidente implorando por sua própria vida, ao lado de um Valério de peruca loura e armado até os dentes, chocou os brasileiros. Lula chorava – o que não quer dizer nada –, mas sua mensagem tinha algo de patético: “Nunca antes na história deste país uma exigência de seqüestrador foi tão fácil de ser atendida. Este homem não quer dinheiro, nem poder. Ele só quer ser amado. Pelo amor de Deus, atendam-no.”.

Mas desta vez a comunicação de Lula com o Brasil não funcionou. A exigência era simples, mas parecia muito vaga para ser atendida por tanta gente ao mesmo tempo. Não se sabe como essa situação vai terminar. Segundo a última pesquisa Ibope, a popularidade de Lula acaba de ultrapassar a de Jesus Cristo.

De volta de mais uma viagem a Caracas, o primeiro-ministro Dirceu anunciou que, enquanto Lula estiver em poder de Valério, o coronel Hugo Chávez vai acumular as presidências da Venezuela e do Brasil. Logo após o anúncio, a bolsa disparou e o dólar despencou.

Tarso Genro mandou a imprensa burguesa publicar que “Chávez é nosso”. Marcos Valério ficou com ciúmes e avisou que agora é que não devolve Lula mesmo. Chávez convocou um plebiscito para votar a pena de morte para Marcos Valério. Sucesso total.

Do cativeiro, Lula mandou Chávez parar com essa loucura. Do Planalto, Chávez respondeu que loucura é cumprir ordens de alguém que está em cativeiro. O povo adorou. Chávez aproveitou para convocar outro plebiscito efetivando-o na presidência do Brasil. A bolsa subiu, o dólar despencou.
2008 promete. Ninguém segura este país.
Por Guilherme Fiuza - NoMínimo

BRASÍLIA VIVE ANTICLIMAX NA VÉSPERA DA 2ª POSSE DE LULA
Brasília viveu ontem um anticlímax na expectativa da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o seu segundo mandato. Nada parecido com a véspera de 1º de janeiro de 2003, quando milhares de petistas eufóricos já tomavam as ruas da capital federal com bandeiras e buzinaço.
A estimativa do PT é que a segunda posse de Lula tenha um público entre 40 mil e 50 mil pessoas, o que já seria suficiente para superlotar a praça dos Três Poderes. Em 2003, cerca de 150 mil pessoas acompanharam a posse do presidente. Assinante da FSP –
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MAIORIA DAS PROMESSAS FICOU NO PAPEL
As pessoas que pretendem ouvir hoje o segundo discurso de posse do presidente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem estar cautelosas e atentas – afinal, a maior parte das promessas de sua contundente mensagem de mudança feita no Congresso, há quatro anos, não chegou a ser cumprida.

O alardeado programa Fome Zero não existe mais e sofreu alterações ao longo dos quatro anos, transformando-se no Bolsa Família. O Primeiro Emprego não saiu do papel, só atendendo a 0,5% dos jovens que pretendia ajudar. A reforma agrária “pacífica, organizada e planejada” foi condenada pelos próprios aliados a ponto de, na quinta-feira da semana passada, o líder do Movimento dos Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, pedir o fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

A promessa de crescimento também não se concretizou e ela será, mais uma vez, a vedete do novo discurso.
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Por Gaúcho/Gabriela (Movimento Ordem e Vigília Contra a Corrupção)