LENÇÓIS DE ALGODÃO EGÍPCIO
Admitamos, somos subdesenvolvidos, reduzidos a três classes sociais: AAA (de aproveitadores, arrogantes e amorais); BBB (de burros e big brothers); e CCC (de coitados, castrados e caseiros em geral).
Neste sábado presenciei cenas tristes de um Brasil subdesenvolvido. Um Brasil morto, pela esperteza, vamos dizer assim. A Baía da Guanabara serviu de outdoor para uma marca de automóveis, a Volvo, sem que essa marca tenha pago um tostão ao estado, ao país. Os incautos dirão logo: mas ganhamos com a propaganda, com a divulgação de um evento de porte, bem organizado, bem realizado, com segurança, etc... Isso é pouco, e isso é obrigação. Tiraram proveito do mesmo outdoor empresas de eletrônicos e telefonia, vivaldinos que fabricam produtos e geram necessidades inúteis, engodos, aos subdesenvolvidos de consciência – senhores consumistas.
Ironicamente um sonho virava realidade. Um esporte elitista, a vela, levava para a orla guanabarina milhares de pessoas, formando um anel humano nos calçadões e janelas de edifício em privilegiado endereço, um anel da ignorância.Primeiro porque os entusiastas da vela e torcedores da equipe brasileira eram objeto de uma campanha milionária de marketing de fixação da marca, sem ganhar como figurante de comercial; tudo bem que Hollywood tenha feito o mesmo, contratando atores como George Clooney para chegarem “ao Oscar” dirigindo “green cars”, mas aquilo é o inferno do glamour e da idiotização, vê quem quer, ou quem tem interesse profissional; no caso da vela, sendo esporte e por estar intimamente ligado a uma atividade de lazer, a um estilo de vida, a uma mentalidade marítima que perdemos ao virarmos as costas para o mar desde que os Holandeses vinham nos roubar, é atestado de subdesenvolvimento não cobrar o que vale um outdoor que exibe em carne e osso, ao mesmo tempo, o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e o espelho de água mais sensual do mundo.
Por último, envelopando uma série de ignorâncias menores, está que a maioria das pessoas não entende o que é uma regata como entende o que são 22 homens correndo atrás de uma bola. E, como não há narração ao vivo, mesmo quem entende um pouco fica a ver navios andando para lá e para cá, limitado a identificar o barco que está liderando a competição; mais monótono do que um joguinho de pingue-pongue entre comadres.E eu estava lá também, imbecilmente promovendo uma marca de automóveis, sem cobrar cachê de figurante.
E estavam lá velejadores de fim-de-semana com atitude arrogante, exibindo camisetinhas de clubes náuticos, opinando sobre o que poderia estar acontecendo na raia de competição, sobre o porquê da equipe do “Brasil Morto” estar cometendo tantos erros no seu próprio quintal, deixando a competente equipe holandesa ganhar de goleada. E a Marinha do Brasil também, servil, ordeira, simpática, ingênua, fez serão, guarnecendo o outdoor vivo, sem ganhar nada por isso.
Uma cena me chamou a atenção; uma traineira com cinco pescadores descamisados invadiu a área delimitada para a regata, jogou ferro e seus ocupantes pescavam; um escaler motorizado, e remendado, da Marinha aproximou-se (seguido de um helicóptero que quase mergulhou na água) e conduziu gentilmente a traineira para a área permitida; da orla, ao meu lado, um homem com traços burgueses gritou com raiva: “Sai dai subdesenvolvido!”, acompanhado por comentários do mesmo gênero de pessoas próximas. A um terço da competição acabar deixei o posto de figurante gratuito e fui embora.
Cheguei em casa, abri a Folha e li a declaração de Lima Duarte: “odeio o Lula..., ele faz a glamourização da idiotice, ignorância e imbecilidade”. A declaração do Sassá Mutena também atingiu a Rede Globo: “não valoriza a criação, só tem interesse no que faz dinheiro”. Havia pensado em escrever sobre o novo hábito da primeira-dama de cobrir-se (e ao seu marido) com lençóis de algodão egípcio; faria relação com uma notícia lida num jornal americano do Alabama, sobre a Monsanto, que cobrará royalties e multa de agricultores brasileiros que plantaram algodão Bollard (marca exclusiva da empresa) sem pagar; faria uma relação da visita da comitiva do PT, em 2003, às instalações daquela empresa nos Estados Unidos e África; faria mais um protesto sobre a rotulagem dos produtos transgênicos de que “pode conter” ao invés de “contém organismo vivo modificado presumivelmente nocivo à saúde”; mas acho que é inócuo escrever sobre isso. Por, Luiz Piezê
Comentário:
E o governo atual, a que classe política pertence? Movimento da Ordem e Vigília Contra a Corrupção
7 Comments:
Não sejamos maldosos! Mulla só se cobre com lençóis de algodão egípcio, por força da atribuição do cargo que ocupa. ehehehe
Outra coisa: deve doer na alma, qdo elle se vê obrigado a gastar mais de 70 mil reais para adquirir toalhas de mesa e banho, com bordados especiais. E como digo: elle o faz por força da atribuição do cargo. Tenho impressão de que estas coisas devme contrariar profundamente sua ideologia, sua alma de simples "homem do povo"! PAIM!!!!...eheheheh
By Anônimo, at 10:10 AM
Cometário acima é meu!
By Anônimo, at 10:10 AM
Elio Gasparini certa vez escreveu que achou o máximo ver
Lula falando emocionadamente da pobreza brasileira na TV, e na seqüência soube que
o presidente foi para a Osteria dell’Angolo tomar uns goles de
Romanée Conti (R$ R$ 1.500 a garrafa), O companheiro agora fuma cigarrilhas holandesas.
No tempo das vacas oposicionistas ele fumava charutinhos
toscanos capazes de empestear o Maracanã.
A verdade é uma só : O deslumbramento dos governantes
seduz os otários. Dá a impressão de que as coisas vão bem. Em contra-partida, o povão trabalha
de graça. Adora fazer ponta, como figurante. Brasileiro é "uma graça".
By Anônimo, at 10:34 AM
Classe "O" (de otário)sou eu: que camelei muito para poder pagar meus estudos e me formar. E, hoje, estou desempregado.
By Anônimo, at 10:54 AM
Êêê....vida de gado....
povo marcado este....
povo feliz!...
By Anônimo, at 5:55 PM
Um país feito de classe "zzzz" para
colocar um classe "zero à esquerda"
como seu presidente.
By Anônimo, at 6:15 PM
Pessoal, convenhamos:
Elle até poe ser a classe "AAA" da vez. Mas o Romanée Conti, nem os charutos cubanos, nem os lencóis de algidão egípcio, aliviam aquela cara de pinguço delle. Estamos vivendo a era da "coisificação", da "fulanização", do pagóde. Isso é que é derrubar o status-quo de uma nação, de suas classes sociais. Valha me Deus que ralé!
By Anônimo, at 7:07 PM
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