ONDE ESTÁ A VERDADE SOBRE A AMAZÔNIA?
Nosso Blog do MOVCC abre a pauta de hoje com uma ampla reportagem feita pelo JB de domingo, sobre a situação biopirataria promovida pelas ONGs internacionais, especificamente os EUA na nossa Amazônia.
No entanto, propomos que antes da leitura da referida reportagem, nossos leitores leiam com atenção esta matéria da Veja - “Tem Gringo no Mato” de 2004 e o “Direito de Resposta”, publicada pelo Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro e assinada pelo General-de-Divisão Augusto Heleno Ribeiro Pereira.
Vale a pena analisar o conteúdo da reportagem feita pelo JB, sobre posição da GTAM em 2005, e a posição do Exército Brasileiro em 2004, sobre a referida reportagem. O Exercito não via problemas tão ameaçadores em 2004, como vê agora. Na carta “direito a resposta”, apenas fizeram algumas ressalvas com relação a matéria do jornalista. Mas, em momento algum se falou em ameaças mais contundentes pelos estrangeiros.
Impossível não questionar, o que pode ter ocorrido neste período de um ano para outro, chegando ao ponto de fazer com que o Exército mudasse tão drasticamente de posição. Que perigo foi este que se avolumou em tão curto prazo? Quem estará a serviço de quem? Quais são os reais motivos? E quem, estará por trás dos interesses na Amazônia?
Longe de nós, deste Blog, a pretensão de querer desatar os “nós” deste emaranhado de informações. Nem temos condições de ir fundo.
No entanto, o amigo leitor, poderá perceber as incoerências deste circo de informações, e, no mínimo, ficar mais alerta com relação a tudo que nos é jogado sem o menor critério. Isto nos remete a idéia de que há neste "reino" do jornalismo pessoas à serviço do governo escuso. Deixe aqui sua opinião. Afinal, estamos falando da Amazônia, o pulmão da humanidade. Por Gaúcho/Gabriela
POSICIONAMENTO DO CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO SOBRE MATÉRIA REFERENTE À “PRESENCA DE ESTRANGEIROS NA AMAZÔNIA”.
O Centro de Comunicação Social do Exército transcreve, a seguir, matéria de autoria do jornalista Leonardo Coutinho com o título "Tem gringo no mato", publicada na Revista Veja, edição número 1840, de 11 de fevereiro de 2004, e correspondência enviada pelo Centro à Revista e ao autor do texto, manifestando-se sobre o tema.
AMBIENTE
TEM GRINGO NO MATO
Mais de 10.000 estrangeiros trabalham na Amazônia. E isso é bom.
Se o interesse e a presença de estrangeiros na Amazônia fossem mesmo o problema que tenta gente gosta de levantar, seria tarde para tomar alguma providência.
Mais de 10.000 pessoas de nacionalidade não brasileira já vivem ou freqüentam regularmente a região, compondo uma comunidade com formação intelectual suficiente para governar a área provavelmente com mais bom senso do que fazem muitos dos políticos locais. Nessa turma há jornalistas, executivos, estudantes, militares, ambientalistas e, principalmente cientistas pesquisando as características e os benefícios que se podem obter da biodiversidade da floresta.
Para desgosto de madeireiros que acabam de lançar uma campanha de outdoors xingando os militantes do Greenpeace de bêbados e de generais que chegam a recusar ajuda internacional para combater incêndios florestais, o fato é que essa gente contribui mais para o desenvolvimento do país e da região do que boa parte dos proprietários de terras e instrutores de manobras lotados na área.
Para ficar apenas no caso dos cientistas, alvos freqüentes de insinuações sobre biopirataria e submissão a interesses de outros países, basta conferir a lista de pesquisas relevantes realizadas na região para descobrir que quase não existe projeto sem um ou dois estrangeiros na equipe.
Entre outros exemplos, há o do americano William Laurance, do Smithsonian Tropical Research Institute, que lidera estudos sobre o futuro da Amazônia com o desmatamento e a ocupação humana. Stephan Schwartzman, da organização não-governamental Environmental Defense, monitora a aplicação dos recursos de bancos internacionais em projetos ambientais no Brasil e tem no currículo a apresentação de Chico Mendes ao mundo. Antes que o líder seringueiro fosse famoso no Brasil, Schwartzman o levou ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, nos Estados Unidos, onde suas idéias começaram a ganhar repercussão.
Outro americano, Daniel Nepstad, fundador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, veio pesquisar a regeneração de florestas em 1984, acabou se radicando no país e desenvolveu um modelo de estudo dos efeitos das secas que está desembocando num sistema de previsão de queimadas. Uma das vantagens da presença desses estrangeiros trabalhando na Amazônia é a capacidade que eles têm de atrair recursos para pesquisas num nível que o Brasil não consegue bancar.
Enquanto o primatólogo Russell Mittermeier, chefão da rede preservacionista Conservação Internacional, movimenta o equivalente a 300 milhões de reais - boa parte disso na Amazônia - só para cuidar de espécies ameaçadas, o Fundo Nacional do Meio Ambiente tem orçamento de 6 milhões para essa mesma área no Brasil inteiro.
Outro fato relevante nessa questão é que a Amazônia é tão grande e tem tanta coisa a pesquisar que nem todos os cientistas do país juntos conseguiriam dar conta do recado. Calcula-se que 5 milhões de espécies vegetais existentes na floresta ainda não foram classificadas. Com seu trabalho, os estrangeiros também ajudam a formar pesquisadores brasileiros. "Eles são fundamentais para a formação de recursos humanos na Amazônia", diz o ecólogo Marcos Silveira, da Universidade Federal do Acre. Nessa perspectiva, 10.000 são bem menos do que o Brasil precisa. Revista Veja – Por Leonardo Coutinho.
CARTA DO CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO
Prezado jornalista Leonardo Coutinho
A propósito de sua matéria publicada na Revista Veja, edição número 1840, de 11 de fevereiro de 2004, com o título "Tem gringo no mato", o Centro de Comunicação Social do Exército gostaria de colocar alguns aspectos:
1. Por maior que seja a formação intelectual de estrangeiros que vivem na região amazônica ou a freqüentam regularmente, eles não nos parecem habilitados a governar em nome dos brasileiros. Além da capacidade intelectual - que os nacionais tanto têm mostrado e nada devem a qualquer povo do mundo -, outros fatores, como história, cultura e demais valores por nós cultuados, são imprescindíveis. O prezado jornalista, pelo argumento apresentado, poderia passar ao leitor mais desatento que alguns países poderiam abdicar de parte de sua soberania em proveito de outros, teoricamente, mais desenvolvidos.
2. A afirmação "generais que chegam a recusar ajuda internacional para combater incêndios florestais" é imprecisa, incompleta e tendenciosa. A participação do Exército Brasileiro em episódios como o combate a incêndios na Amazônia deveria ser motivo de orgulho por parte do jornalista. Nessas oportunidades, mais uma vez, evidenciaram-se a eficácia e a abnegação peculiares à Força Terrestre. Em uma das ocasiões, foi acolhida de braços abertos a ajuda com pessoal e equipamento especializado, vinda da Argentina. A decisão de aceitar ou não apoio internacional em casos semelhantes compete ao governo federal e não aos "generais".
3. Temos certeza de que concessões à biopirataria e submissão a interesses escusos não devem ser, jamais, moedas de troca pela "lista de pesquisas relevantes realizadas na região" por grupos estrangeiros. Só a ingenuidade - na melhor das hipóteses - faz imaginar que o publicado pela imprensa mundial acerca dos interesses internacionais sobre a Amazônia é uma obra de ficção.
O Brasil, historicamente, acolhe estrangeiros e, em particular, imigrantes, com invulgar fidalguia e lhes oferece as melhores condições para trabalhar e para integrar-se totalmente à nossa sociedade. Na Amazônia não será diferente, desde que essa presença seja benéfica para ambos e não coloque em risco nossas riquezas, nossa integridade territorial, em síntese, nossa soberania.
Nas paredes dos nossos quartéis espalhados por essa imensa fronteira amazônica, em alguns lugares única e isolada presença do Estado, o senhor encontrará registrada a síntese de nossas convicções: ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER A AMAZÔNIA, MUITO MAIS PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA.
Atenciosamente,
General-de-Divisão Augusto Heleno Ribeiro Pereira
Chefe do Centro de Comunicação Social do Exército
AGORA, AS REPORTAGENS DO JB DE ONTEM (30 E 31/01/2007).
Documento expressa consenso da Inteligência
O GTAM é um colegiado composto por representantes da Abin e dos órgãos de informações das Forças Armadas e do Departamento de Polícia Federal. Sua função é sistematizar as chamadas atividades de inteligência na Amazônia. Realiza duas viagens anuais à área e elabora os textos com a opinião consensual do grupo.
Em 2005, o jornal "O Estado de S.Paulo" publicou um desses relatórios - assinado pelo coronel Gelio Augusto Fregapani, então lotado na Abin em Brasília e agora superintendente do órgão em Roraima -, o que provocou uma forte reação das ONGs e de entidades religiosas que atuam na Amazônia. O Jornal do Brasil obteve agora a versão mais recente do relatório - explicitamente "vedado à imprensa" - que trata das conclusões das viagens realizadas no primeiro semestre 2006. Veja a íntegra do texto de 16 páginas no site www.jbonline.com.br. O novo "Relatório de Situação" não é mais assinado pelo coronel da Abin, já que o texto se tornou de responsabilidade de todos os integrantes do GTAM.
Ameaça - Sem fiscalizar a ocupação estrangeira, governo concede à iniciativa privada direito de explorar florestas e põe em risco soberania do país
- AMAZÔNIA DIVIDIDA EM LOTES – Leia aqui.
- MILITARES APONTAM A AMEÇAS
"Foi confirmado o conhecimento de que a questão indígena atinge uma gravidade capaz de pôr em risco a segurança nacional”.
Considerando a atual reivindicação de autonomia e a possibilidade de futura reivindicação de independência de nações indígenas, o quadro geral está cada vez mais preocupante, especialmente na fronteira norte. As organizações não governamentais (ONGs), algumas controladas por governos estrangeiros, adquiriram enorme influência, na maioria das vezes usada em benefício da política de suas nações de origem, em detrimento do Estado brasileiro. Na prática, substituem, nas áreas indígenas, o governo nacional."
O trecho acima faz parte do "Relatório de Situação" elaborado pelo Grupo de Trabalho da Amazônia (GTAM) no primeiro semestre de 2006. Foi distribuído entre integrantes e colaboradores do chamado Sistema Brasileiro de Inteligência, cujo órgão central é a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Na nova versão do relatório, os militares não só reafirmam as suspeitas de que ONGs e entidades religiosas estrangeiras estão tomando a Amazônia, como apontam novos fatos.
"Quanto à presença militar estadunidense na Amazônia, um componente relativamente novo na questão da segurança da região amazônica brasileira é a crescente presença de assessores militares estadunidenses e a venda de equipamentos sofisticados às Forças Armadas colombianas, pretensamente para apoiar os programas de erradicação das drogas, mas que podem ser utilizados no combate às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e ao ELN (Exército de Libertação Nacional).
A presença militar estadunidense, que já se estende à Guiana, ao Equador, ao Peru, à Bolívia e, recentemente, ao Paraguai - aproveitando-se do vazio de nossa política externa em relação àquele país - por meio da utilização de bases militares, poderá se expandir a outros países sul-americanos para transformar a luta contra a droga (e contra as Farc e o ELN) em uma empreitada militar sul-americana, e não apenas colombiano-estadunidense. O plano provavelmente faz parte da estratégia dos EUA para assegurar presença militar direta na região andino-amazônica e no cone sul, em torno do Brasil."
A "presença e atuação de estrangeiros" na Amazônia é um dos pontos tratados com destaque pelo GTAM, que levanta suspeitas de espionagem até mesmo na base aérea de Alcântara, no Maranhão. Para quem não lembra: 21 trabalhadores do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) de São José dos Campos (SP) morreram na explosão do terceiro protótipo do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélite) na plataforma do Centro de Lançamento de Alcântara, em agosto de 2003. Na visita que fizeram a Alcântara em 2006, os membros do GTAM desconfiaram do excesso de estrangeiros naquela cidadezinha:
"Especial preocupação é o número de estrangeiros nas proximidades da base de lançamentos de Alcântara, no Maranhão. Segundo fontes da polícia do Estado, havia 116 estrangeiros em 15 de maio em Alcântara (MA), dia da visita do GTAM. Não foi possível saber quais as atividades que desenvolviam, tendo em vista que não haveria atividade no Centro de Lançamentos. Os altos índices de exclusão social presentes na cidade de Alcântara deixam a comunidade que ali reside exposta e fragilizada a tentativas de aliciamento e recrutamento por parte de ONGs e agentes a serviço de países que muito teriam a perder com os sucessos dos lançamentos da Base de Alcântara." Material do JB
Leia também - Documento expressa consenso da Inteligência
- INFLUÊNCIA NORTE-AMERICANA SOBRE VIZINHOS DO BRASIL ESTARIA CAUSANDO DESEMPREGO E AVANÇOS DO CRIME ORGANIZADO E DA VIOLÊNCIA.
Nesta matéria, especificamente, o que chamou a atenção do nosso Blog do MOVCC, foi o seguinte trecho da matéria:
“Com base nessa avaliação em bloco, o relatório traça um quadro caso a caso, nos países vizinhos à Amazônia. Veja a seguir algumas dessas avaliações.
Venezuela
A hostilidade entre os governos da Venezuela e dos Estados Unidos vem se agravando paulatinamente e deve se agravar mais ainda. O governo de Hugo Chavez sofre os efeitos de uma operação internacional da mídia que procura caracterizá-lo como louco e ditatorial. (...) Pode-se esperar que os Estados Unidos se esforcem para minar o governo venezuelano e mesmo, se houver condições, contribuir para sua derrubada. Mas não se espera uma atitude militar nem mesmo sanções econômicas devido à grande dependências de ambos à produção venezuelana de petróleo. (...) As disputas entre Colômbia e Venezuela tenderão a se agravar a partir da violação de fronteiras, do eventual homízio de guerrilheiros colombianos e da aceleração da emigração, criando risco de surgimento de movimentos cuja reação seria difícil de prever, mas que forneceriam o desejado pretexto para intromissões internacionais." Leia o material completo aqui
- DEMARCAÇÃO LEVARÁ A CONFLITO, DIZ GTAM
No relatório do Grupo de Trabalho da Amazônia (GTAM), fica evidente que os militares querem rever a decisão de demarcação contínua da reserva indígena Raposa-Serra do Sol, em Roraima: "Continuou evidente que no processo de homologação contínua houve má-fé, subordinando-se às teses de ONGs nacionais e estrangeiras, e contrariando o desejo dos próprios índios". Leia mais
- BANTANTUSTANS, CHIAPAS E CURDISTÕES NO BRASIL
Apesar da polêmica provocada no início de 2005 pelo vazamento de seu primeiro relatório, o Grupo de Trabalho da Amazônia (GTAM) não diminuiu suas críticas à atuação das organizações não-governamentais (ONGs) no texto sobre a situação da Amazônia no primeiro semestre de 2006. Muito pelo contrário. Alerta para o fato de que a parte norte da Amazônia brasileira "permanece como um território virtual para o Brasil". E que a luta das ONGs para aumentar as reservas indígenas ameaça a integridade do territorial do país. Leia mais
JORNAIS DESTACAM REPORTAGENS
A repercussão internacional da série de reportagens de denúncia sobre a Amazônia, publicadas desde domingo pelo Jornal do Brasil, ficou a cargo da imprensa LATINO-AMERICANA. Jornais chilenos e argentinos ecoaram as reportagens exclusivas com destaque.
Alvo das denúncias, os Estados Unidos não mencionaram nada sobre o assunto. Nem mesmo o polêmico correspondente americano do The New York Times, Larry Rohter, se pronunciou.Com o título "A presença militar dos Estados Unidos na região inquieta o Brasil", o jornal argentino La Nación ressalta a possibilidade de que a Amazônia se converta em uma zona de conflitos bélicos em breve.
- As notícias brasileiras sempre nos interessam por questões políticas e estratégicas. Mas neste caso foi a ameaça americana que mais nos chamou atenção - explica Inés Capdevila, editora de Internacional do La Nación.
Para Carlos Turdera, autor da matéria que repercutiu a série do Jornal do Brasil para a Argentina, a imprensa brasileira também pecou:- É um assunto de peso e que tem muitos desdobramentos na questão de segurança. Fiquei surpreso com a pouca repercussão pela mídia brasileira. Ainda estou tentando entender porque.
O jornal La Nación do Chile afirma que a "Inteligência brasileira está preocupada com a influência americana nas zonas fronteiriças da Amazônia", ressaltando os riscos da espionagem para a segurança nacional.
De férias, Larry Rohter não se pronunciou. Ironicamente, sua última matéria para o The New York Times foi sobre a Amazônia. Um longa crítica à política de Lula para a região. JB de 31/01
Por Gaúcho/Gabriela (Movimento Ordem e Vigília Contra a Corrupção)
1 Comments:
Não sei nem se vou conseguir dormir hoje. Nossa! Se isso acontecer é o fim do mundo mesmo! Desculpe-me se sou ignorante no assunto, mas as palavras "Amazônia" e "loteamentos" juntas me dão calafrios!
By Anônimo, at 12:57 AM
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