OS DOIS POLOCCI (E. Castanhede)
O que mais surpreende a oposição, especialmente o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE), é a existência de dois Palocci: um é o ministro da Fazenda, em Brasília, assessorado por técnicos de primeiro time; o outro é o ex-prefeito de Ribeirão Preto, cercado por uma gente atolada em suspeitas cabeludas."Afinal, qual é o Palocci verdadeiro?", pergunta Tasso desde os depoimentos de Rogério Buratti e de Vladimir Poletto às CPIs.
Histórias mal contadas, cinismo, milhões voando em jatinhos de empresários amigos.
Em Brasília, Palocci recrutou os suprapartidários Murilo Portugal, para a secretaria executiva da Fazenda, Marcos Galvão, para a chefia de gabinete, Jorge Rachid, para a Secretaria da Receita, Bernardo Appy, para a de Política Econômica.
Alguns deles, aliás, exibidos ontem na CAE.
Palocci só teve de mandar para casa, pela porta dos fundos, justamente Juscelino Dourado, auxiliar que vinha da Prefeitura de Ribeirão Preto e acabou, como os demais, envolvido em denúncias. Agora, só falta Ademirson não sei das quantas.Somados, Buratti, Poletto, Juscelino, Ademirson e o pivô Ralf Barquete, morto no ano passado, deixam um rastro de dúvidas sobre licitações para coleta do lixo, desvio de dinheiro público para campanhas eleitorais, dólares ilegais vindos de Cuba em caixas de bebida. E Buratti tenta salvar Palocci nos adjetivos, mas depois de comprometê-lo no objetivo.
A situação do ministro é dramática. Ele passou bem por aquela coletiva num domingo para falar dos desvios acusados por Buratti. Pode ter passado também pelo depoimento de ontem, poupado pela oposição. Mas a experiência mostra que, quando a coisa começa, não acaba nunca.
Até quando Palocci vai conseguir suportar as denúncias, o fogo amigo e a pressão de dentro do próprio governo -aliás, do próprio Planalto- para flexibilizar a política econômica? Tudo junto, a sobrevida dele parece estar se esgotando.O prefeito Palocci está matando o ministro Palocci.@ - elianec@uol.com.br
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