movimento ordem vigília contra corrupcao

sábado, março 25, 2006

No picadeiro da política



Editorial

E foi Mabel, e foi Luizinho, Brant, Queiroz, Henry, agora Magno, Santos... a conta ainda não fechou. Até pouco tempo atrás,eram usuários, confessos em sua maioria,do malfadado caixa 2; sete parlamentares dentro do sacolão financeiro que lhesimpingiu a fama de mensaleiros. Protagonistas de um espetáculo a que o País assistiu (e assiste) com perplexidade, estão agora absolvidos. Livres de punição por conta e risco de seus pares do Congresso. Sabe-se lá por quais critérios, esses arautos da legislação, formuladores do que é certo e errado dentro dos quatro cantos do Brasil grande, entenderam que infringir a lei é um mal menor. Vale a politicagem, o acórdão, a camaradagem interesseira, o corporativismo. Assim, locupletam-se todos. A CPI, convocada e montada entre os próprios congressistas para averiguar o caso, tinha chegado à conclusão irrefutável: eram culpados e mereciam a cassação. O coletivo parlamentar, escudado pelo sigilo do voto, disse que não. Os responsáveis pela “vitória” montaram um circo dos horrores, uma pizza de sabor amargo, um épico de vergonha nacional. Seria curioso saber como esses senhores vão dormir depois – se seguem com a sensação de dever cumprido ou se percebem o incômodo da traição ao eleitor. Má notícia: pelo que deixam transparecer, eles parecem ter perdido qualquer sentido de ética. E, por tabela, lambuzam ainda mais a Casa onde trabalham por concessão exclusivamente democrática. Estão ali em nome do povo, e na defesa dos seus direitos deveriam atuar. Mas fazem o contrário. Apostam, quem sabe, numa anistia popular lá na frente a todos os seus atos falhos. Acreditam que com o tempo não haverá registro na memória. Tivessem o cuidado de andar pelas ruas, notariam rapidamente que o brasileiro não perdeu a capacidade de se indignar e de cobrar. A maioria, ainda bem, luta para restaurar a moralidade e vai custar caro aos atores deste picadeiro a ópera bufa que apresentaram.

REVISTA ISTOÉ